Filipinas aposta na Move Language da Sui enquanto o sistema educativo luta com o básico

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Um novo programa de formação em blockchain nas Filipinas está a ajudar a formar jovens programadores numa província remota para escrever código blockchain e lançar projetos on-chain.

Estudantes de Puerto Princesa, a capital de Palawan, uma longa e pouco povoada província insular isolada a oeste das Filipinas, passaram semanas a aprender algo totalmente novo para eles: Move, uma linguagem open-source de contratos inteligentes originalmente desenvolvida a partir do projeto Diem da Meta, agora adaptada pelos seus antigos desenvolvedores que seguiram para criar a Sui e a Aptos.

Apelidada de Programa Sui Builder, a iniciativa oferece um caminho baseado em competências e orientado para resultados, em contraste com as economias de fuga a que muitos jovens filipinos têm recorrido à medida que as disparidades sistémicas aumentam e as oportunidades formais diminuem.

“O que esta oportunidade nos trouxe mudou a nossa mentalidade [de que] devíamos pensar mais, sonhar em grande”, disse Nicholo dela Rosa, estudante do terceiro ano de ciência da computação na Universidade Estatal de Palawan, no palco da passada sexta-feira, na YGG Play Summit, o maior evento anual de gaming Web3 centrado nos jogadores, realizado em Manila.

A sua equipa, The Scouts, venceu um hackathon integrado no programa ao criar o Campfire, uma aplicação on-chain que digitaliza certificados e ativos comunitários, permitindo aos utilizadores ganhar badges pela participação em eventos. O seu co-desenvolvedor, JK Rabanal, descreveu-a como “um Luma gamificado na Sui”, referindo-se a uma aplicação popular em eventos da indústria cripto.

Questionado sobre porque é que Move é um bom ponto de partida para novos programadores em locais afastados dos grandes polos tecnológicos, James Wing, responsável pelas parcerias de gaming AAA na Mysten Labs, desenvolvedora da blockchain Sui, disse à Decrypt que a linguagem de programação “permite modelos orientados a objetos” que são “uma arquitetura mais natural para aprender e construir para casos de uso do mundo real”.

A iniciativa foi apoiada pela agência nacional do governo filipino para tecnologia da informação e comunicações, através do seu escritório regional em Palawan. Foram abertos centros de formação e fornecidos laboratórios de informática, acesso à internet e coordenação local.

A Yield Guild Games ajudou no desenho e entrega do currículo, orientação e na ligação a oportunidades de emprego e projetos através da Metaversity, o seu braço educativo.

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No total, participaram 127 estudantes, embora apenas 50 tenham conseguido concluir o programa após dois tufões consecutivos, no início deste mês, terem perturbado as semanas finais de formação.

Em declarações à Decrypt no local, dois dias antes dos dados serem divulgados na sexta-feira, Bianca Cruz, co-líder da Metaversity, disse à Decrypt que o ambiente em Palawan era muito mais tranquilo e descontraído, mas que os estudantes estavam ansiosos por aprender.

Cruz recorda como um estudante lhe disse que Palawan “raramente” tem este tipo de programa.

“Sente-se que eles nunca tiveram realmente acesso a estas comunidades de programadores, mas assim que algo finalmente chega até eles, aparecem, mesmo que isso signifique longas deslocações e abdicar dos fins-de-semana”, afirmou Cruz.

Ainda atrasados

Mas embora o foco do programa na produção de programadores prontos para o mercado de trabalho esteja alinhado com o objetivo do governo de criar 8 milhões de empregos digitais até 2028, também reflete um sistema educativo nacional que até agora tem dado prioridade à empregabilidade em detrimento das competências essenciais.

Segundo uma análise de 2018, os estudantes filipinos ficaram quase no fim da tabela mundial em leitura, matemática e ciências, com algumas das maiores percentagens de participantes nos testes a não atingirem os níveis mínimos de proficiência.

Anos depois, o padrão persiste. As pontuações melhoraram, mas continuam entre as mais baixas a nível global, evidenciando lacunas de longa data na compreensão básica, numeracia e raciocínio crítico, segundo um relatório da OCDE de 2022. Segundo um estudo do Banco Mundial de 2022, o país continua também a carecer de literacia digital básica.

Isto acontece numa altura em que o investimento nacional em educação tem historicamente rondado os 3,6% do PIB até 2024, ficando aquém do padrão regional de 4% recomendado pela UNESCO.

A agência de gestão orçamental do país afirmou em agosto deste ano que tinha atingido o mínimo de 4% para o orçamento do próximo ano.

A iniciativa dá aos estudantes filipinos “exposição a competências digitais avançadas” e sinaliza “um compromisso com uma força de trabalho preparada para o futuro para além dos papéis tradicionais de BPO”, disse Paolo Lising, estudante de desenvolvimento global na Harvard University’s Extension School, à Decrypt.

No entanto, “o acesso por si só não basta”, observa Lising. “Muitos filipinos, como os que aderiram ao Axie Infinity, carecem de competências de base em literacia e compreensão, limitando a sua capacidade de navegar em sistemas digitais complexos”, afirmou, citando investigação que fará parte do seu curso.

“Para que programas como este tenham impacto duradouro, têm de ser acompanhados por uma educação de base mais forte”, acrescentou.