Tecnologia Ethereum?

Smart contracts

Um smart contract é um contrato implementado por software. Ao contrário dos contratos tradicionais, que obrigam as partes a recorrer ao sistema judicial, um smart contract é autoexecutável (e potencialmente autoaplicável), dependendo do cumprimento de condições específicas monitorizadas por software. É possível construir uma “camada” de suporte a smart contracts sobre a infraestrutura existente da Ethereum. Todos os smart contracts são criados através da linguagem de programação Solidity.

Os smart contracts oferecem diversas vantagens, nomeadamente:

• Garantem automaticamente que todas as partes envolvidas detêm igual poder.
• Protegem os direitos dos intervenientes ao impor expectativas razoáveis ao signatário.
• Eliminam a possibilidade de qualquer signatário incumprir as suas obrigações.

Exemplo de utilização de um smart contract:

Suponha que a Laura e o Michael pretendem jogar pedra, papel, tesoura, e o vencedor de três rondas ganha uma aposta de 1 ETH. Neste cenário, um smart contract pode:

• Colocar os fundos de ambos em depósito até ser apurado o vencedor.
• Garantir que nenhum dos jogadores conhece a escolha do adversário antes de tomar a sua decisão.
• Definir regras claras: pedra vence tesoura, papel vence pedra, tesoura vence papel.
• Registar os vencedores de cada ronda até que um dos jogadores vença três vezes.
• Pagar o montante total ao vencedor final das três rondas.

Tudo isto é realizado de forma objetiva, transparente e sem depender da Laura ou do Michael.

Solidity

Solidity é uma linguagem de programação de tipagem estática, cuja sintaxe é fortemente influenciada por JavaScript, permitindo aos programadores desenvolver smart contracts. Os smart contracts que correm na blockchain Ethereum são escritos em bytecode, executado na EVM.

Ethereum Blockchain

A Ethereum, tal como a Bitcoin, é uma blockchain que permite a transferência de criptomoedas entre utilizadores sem necessidade de intermediários – como bancos ou empresas de transferências internacionais – para garantir a operação. Programadores em todo o mundo trabalham para criar aplicações e plataformas que trazem o potencial da rede descentralizada Ethereum ao público. Embora o ecossistema blockchain exija tempo para se desenvolver e integrar plenamente nas economias globais, já se observa um número crescente de organizações a lançar aplicações que interagem com a Ethereum, criando novas formas de gerar e trocar valor.

Esta nova geração de aplicações descentralizadas – dApps – está a transformar modelos em setores como finanças, música, gaming e redes sociais, com resultados notáveis, impulsionando a indústria blockchain para uma era menos especulativa e mais orientada para resultados, adoção e melhorias reais na vida dos utilizadores. Exemplos de projetos relevantes:

• Metamask: plugin para navegadores que liga o dispositivo à rede Ethereum.
• Brave: navegador web e móvel integrado para BAT e tokens ERC-20.
• Ethereum Name Service: plataforma para criar endereços simples e personalizados para carteiras ETH.
• Decentraland: plataforma de realidade virtual onde os utilizadores criam, experienciam e monetizam conteúdos e aplicações.
• Gnosis: mercado de previsões e protocolo DutchX para avaliação de ativos digitais.
• CryptoKitties: jogo célebre que congestionou a rede Ethereum, permitindo aos jogadores criar e negociar gatos digitais únicos.

Consensus mechanism

As blockchains exigem que os participantes da rede cheguem a acordo antes de adicionar novos blocos. O mecanismo de consenso determina se uma transação é legítima, recorrendo a métodos de validação criptográfica específicos da rede. Este mecanismo resolve conflitos entre entradas concorrentes, como quando vários participantes propõem transações distintas sobre o mesmo ativo. Garante a correta sequência das transações e impede que participantes menos eficientes explorem o sistema. Existem vários tipos de mecanismos de consenso, mas a Ethereum aplica:

Proof of Stake (PoS) – O modelo proof of stake permite ao detentor das moedas ganhar novas moedas simplesmente provando que possui determinada quantidade, dispensando a resolução de problemas matemáticos complexos (mineração).

Ethereum Virtual Machine (EVM)

A Ethereum Virtual Machine (EVM) é um ambiente de execução seguro e sustentável, que permite aos programadores trabalhar remotamente e carregar atualizações progressivas para a blockchain Ethereum, originando o aparecimento de inúmeras aplicações descentralizadas (dApps). Na prática, a EVM funciona como um grande computador distribuído pela rede, onde os códigos e dados de cada contrato, designados como códigos e variáveis de estado, são partilhados por todos os nós. A validação de um novo bloco Ethereum determina a atualização de todas as variáveis de estado, incluindo o saldo das contas.

Conclusão

Compreender a tecnologia subjacente à Ethereum é essencial. A maioria dos projetos de referência atuais inspira-se nas tecnologias desenvolvidas para a Ethereum ou foi criada para superar as suas limitações. O conhecimento adquirido neste módulo será fundamental para estudar outros projetos.

Destaques

• Solidity é uma linguagem de programação de tipagem estática, com sintaxe fortemente influenciada por JavaScript, que permite criar smart contracts.
• A Ethereum é uma blockchain que possibilita a transferência de criptomoedas entre utilizadores sem necessidade de intermediários.
• O mecanismo de consenso da Ethereum era, maioritariamente, Proof-of-Work (PoW), razão pela qual a mineração era comum no setor cripto. Após a atualização “The Merge”, que será abordada mais adiante, passou para Proof-of-Stake (PoS).
• A Ethereum Virtual Machine (EVM) é um ambiente que permite carregar atualizações progressivas na blockchain Ethereum, originando uma vasta gama de aplicações descentralizadas (dApps).

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