Guia de Investimento em Ações Populares no Japão｜Como Selecionar Ações Japonesas e Aproveitar Oportunidades de Investimento

Por que agora é um bom momento para investir em ações japonesas?

Desde o início de 2025, o mercado de ações do Japão tem vivido uma verdadeira montanha-russa. Após uma forte queda em abril devido à turbulência com as tarifas de Trump, o mercado japonês reagiu com uma recuperação vigorosa, especialmente no segundo trimestre, com uma tendência de alta cada vez mais evidente. Até 30 de junho, o Índice Nikkei 225 já ultrapassou os 40.000 pontos, atingindo 40.487 pontos, marcando uma nova máxima nos últimos anos.

A lógica por trás dessa alta merece uma análise aprofundada. Primeiramente, há uma reavaliação do mercado sobre o valor das empresas japonesas. Quando o sentimento de pânico se espalhou em abril, o PER (preço sobre lucro) do mercado japonês caiu para 12 vezes, tornando-se uma “zona de valor” entre os principais mercados globais. Com os investidores percebendo que as expectativas pessimistas estavam exageradas, o PER começou a se recuperar lentamente para 13 vezes, com a recuperação da avaliação impulsionando a reação de alta.

Em segundo lugar, o capital internacional está realizando ajustes estratégicos. A crescente tendência de “reduzir posições em ações dos EUA” está levando investidores estrangeiros a realocar seus ativos, e o mercado de ações japonês, relativamente barato, tornou-se um alvo importante. Ainda mais, a reforma na governança corporativa promovida pela Bolsa de Tóquio (TSE) já mostra resultados, com mais empresas dispostas a aumentar dividendos e recomprar ações, indicando uma melhora real nos fundamentos, e não apenas uma reação técnica.

Além disso, a recuperação da cadeia global de tecnologia tem impulsionado o desempenho das ações de semicondutores e equipamentos de precisão, fortalecendo a confiança do mercado em uma estratégia de compra. Contudo, a continuidade dessa alta depende principalmente da direção da política monetária do Banco do Japão e da disposição dos investidores globais em assumir riscos novamente.

Um fator de destaque é que as ações do mercado receberam um impulso de confiança com as recentes ações do magnata Warren Buffett. Desde 2019, ele vem investindo nas cinco maiores trading companies do Japão (Mitsubishi, Mitsui, Itochu, Sumitomo e Marubeni), e em junho deste ano aumentou suas participações nessas empresas. Na assembleia geral de acionistas da Berkshire Hathaway, Buffett declarou que não venderá suas ações nessas cinco trading companies por 50 anos, demonstrando sua forte confiança nelas.

Seleção de 7 ações japonesas em alta

1. Keyence (6861.JP) - Campeã invisível na automação industrial

Investidores podem não estar familiarizados com o nome Keyence, mas ela é uma verdadeira campeã invisível na área de automação industrial. Desde sua fundação em 1974 por Takeshi Takizaki em Osaka, a Keyence mantém uma filosofia de “design orientado”, focando no desenvolvimento de sensores de alta valia, sistemas visuais, equipamentos de marca a laser e instrumentos de medição industrial. Embora não produza bens de consumo, seus produtos são vendidos em 46 países e regiões através de uma rede de vendas direta global.

Os produtos da Keyence abrangem três áreas principais: automação industrial (sensores, leitores de código de barras), medição de alta precisão (microscópios digitais, equipamentos de medição) e controle de processos (equipamentos de gravação a laser). Nos setores de semicondutores, automotivo e biotecnologia, o logotipo azul da empresa tornou-se um padrão de “fábrica inteligente”.

O desempenho financeiro de 2024 foi excelente: receita de 1,059 trilhão de ienes, lucro operacional de 549,78 bilhões de ienes e lucro líquido de 398,66 bilhões de ienes. Analistas de Wall Street estimam um preço-alvo médio de 74.282,41 ienes para os próximos 12 meses, chegando até 80.075,16 ienes. Comparado ao preço atual de 56.800 ienes, a Keyence possui cerca de 30% de potencial de valorização.

2. Tokyo Electron (8035.JP) - Líder em equipamentos de semicondutores

A Tokyo Electron é uma fornecedora indispensável na cadeia global de semicondutores, com valor de mercado de 12,6 trilhões de ienes. Ela fornece sistemas de limpeza de wafers, equipamentos de deposição e outros processos críticos para gigantes como Samsung, TSMC e Intel. Com a importância estratégica dos semicondutores na eletrônica e defesa, a demanda por esses equipamentos cresce rapidamente.

No ano fiscal de 2024, a receita consolidada atingiu 2,43 trilhões de ienes, um aumento de 32,8%. As vendas internacionais cresceram especialmente, chegando a 2,24 trilhões de ienes, um aumento de 36,2%, representando 92,2% do total. Apesar do aumento de 28,5% nos custos de vendas, a Tokyo Electron conseguiu controlar bem seus custos, com o lucro bruto crescendo 38,1% para 1,15 trilhão de ienes e a margem bruta subindo 1,7 pontos percentuais para 47,1%. Ainda mais, o lucro operacional disparou 52,8%, atingindo 697,32 bilhões de ienes, e o lucro líquido após impostos cresceu 49,5%, chegando a 544,13 bilhões de ienes. O lucro por ação aumentou de 783,8 para 1.182,4 ienes.

Analistas como Jefferies mantêm recomendação de “compra”, com um preço-alvo de 32.000 ienes, indicando espaço para valorização.

3. Mitsubishi Heavy Industries (7011.JP) - Líder em defesa e indústria pesada

A Mitsubishi Heavy Industries é considerada uma “fóssil vivo” da indústria japonesa, com origem na Mitsubishi Shipbuilding fundada em 1884. Desde a Era Meiji, essa empresa centenária testemunhou toda a industrialização do Japão, evoluindo para um conglomerado que atua em aviação, energia, máquinas industriais e outros setores estratégicos.

As perspectivas de resultados mais recentes são bastante otimistas. Sem considerar tarifas americanas, a previsão é que o lucro operacional de 2025-26 cresça 9,6%, atingindo 420 bilhões de ienes, apoiado pelo forte crescimento na demanda de defesa. No ano fiscal de 2024-25, o lucro operacional foi de 383,2 bilhões de ienes, um aumento de 35,6%. Os lucros do setor de aviação e defesa cresceram 40%, enquanto o de sistemas de energia deve aumentar 17%, sendo principais motores de crescimento.

Analistas de Wall Street estimam um preço-alvo médio de 3.743,76 ienes para os próximos 12 meses, chegando até 4.100 ienes. Com o preço atual de 3.185 ienes, há um potencial de alta de 17,54%.

4. Nintendo (7974.JP) - Ponto de virada na indústria de jogos

A Nintendo, gigante dos jogos que acompanha jogadores ao redor do mundo, apresentou resultados decepcionantes em 2024: receita caiu 30,3%, para 1,16 trilhão de ienes, e o lucro operacional despencou 46,6%, para 282,5 bilhões de ienes, com lucro líquido de 278,8 bilhões, uma redução de 43,2%.

A principal razão para a queda de receita foi o ciclo de vida do Switch, que entrou na fase final, e o anúncio do próximo console, Nintendo Switch 2, que reduziu ainda mais o desejo de compra dos consumidores. Regionalmente, as Américas contribuíram com 44,2% da receita, enquanto Europa e Japão representaram 24,5% e 23,6%, respectivamente.

Mas por que ainda vale a pena acompanhar? Analistas acreditam que a indústria de jogos eletrônicos está voltando a mostrar valor de investimento. Doug Creutz, da TD Cowen, aponta que o crescimento do setor de jogos supera continuamente o PIB global, impulsionado pelo aumento da base de jogadores e pela diversificação de modelos de monetização — assinaturas, itens virtuais, atualizações sazonais — permitindo às empresas obterem mais receita por usuário.

Onze analistas de Wall Street estimam um preço-alvo médio de 14.035,27 ienes para 12 meses, chegando até 20.780 ienes, refletindo uma visão otimista do futuro da Nintendo.

5. Sony Group (6758.JP) - Beneficiário do ecossistema de conteúdo

O último relatório trimestral da Sony mostra que, impulsionada pelos negócios de música e cinema, a receita líquida do trimestre até março cresceu 4,6%, atingindo 197,7 bilhões de ienes. Contudo, a previsão para o novo ano fiscal indica uma possível queda de 13% no lucro líquido, principalmente devido às tarifas nos EUA.

O desempenho dos negócios é bastante diferenciado. As áreas de música e cinema lideraram o crescimento de lucros, beneficiadas pelos investimentos recentes em conteúdo, como a aquisição do estúdio de jogos Bungie, a plataforma de anime Crunchyroll e parcerias com o grupo Kadokawa para desenvolver IPs. Essas ações já começam a dar retorno.

Por outro lado, o desempenho de hardware foi fraco. As vendas do PS5 foram revisadas de 18,5 milhões para 15 milhões de unidades. O mercado de consoles está se ajustando. Uma ameaça maior vem das tarifas americanas, que podem reduzir em cerca de 1 trilhão de ienes o lucro operacional da Sony, levando a empresa a repensar sua cadeia de suprimentos global.

Executivos da Sony disseram que estão tomando medidas, como diversificação de fábricas e ajustes de preços. Destaca-se a capacidade de “gestão flexível” da Sony, típica de empresas tecnológicas japonesas, que busca equilibrar a manutenção do negócio de hardware com a aceleração da transformação em serviços de conteúdo. O sucesso dessa estratégia, diante dos riscos geopolíticos, será um ponto de observação importante.

Nove analistas de Wall Street estimam um preço-alvo médio de 4.389,49 ienes para 12 meses, chegando até 4.910 ienes. Com o preço atual de 3.607 ienes, há potencial de alta de 21,69%.

6. Mitsubishi Corporation (8058.JP) - Investimento de longo prazo de Buffett

A Mitsubishi Corporation é uma das cinco maiores trading companies do Japão e uma das preferidas da Berkshire Hathaway de Buffett. Em junho de 2025, a Berkshire anunciou aumento de participação em todas as cinco trading companies, de 1,0% a 1,7%, atingindo uma participação total de 8,5% a 9,8%.

Buffett começou a investir nelas em julho de 2019, valorizando sua eficiência na gestão de capital, equipes de gestão de alta qualidade e foco nos direitos dos acionistas. Em sua carta aos acionistas de fevereiro de 2025, Buffett revelou que obteve consentimento japonês para elevar sua participação acima de 9,9%, indicando intenção de continuar aumentando sua posição. Essas trading companies controlam ou participam de muitos projetos de energia, recursos e infraestrutura globalmente.

O relatório de resultados do ano fiscal de 2025 (até 31 de março) mostra receita de 18,6 trilhões de ienes, uma redução de 4,9%, mas o lucro antes de impostos cresceu 2,3%, atingindo 1,4 trilhão de ienes. O lucro líquido atribuível aos acionistas foi de 950,7 bilhões de ienes, uma leve queda de 1,4%, demonstrando resiliência mesmo em tempos difíceis para o setor.

Atualmente, o preço das ações da Mitsubishi está um pouco alto, recomenda-se aguardar uma correção para um preço mais razoável, mas o valor de longo prazo é claro.

7. Hitachi (6501.JP) - Da manufatura ao serviço: uma transformação

A Hitachi tem 111 anos de história. Investidores mais antigos conhecem seus televisores, gravadores e baterias Maxell. Recentemente, a gigante japonesa tem feito movimentos estratégicos, como a aquisição de 9,6 bilhões de dólares na americana GlobalLogic, para acelerar sua transformação digital. O CEO Toshiaki Higashihara afirmou que “essa será uma mudança significativa para toda a empresa”.

Fundada em 1910, a Hitachi é conhecida por sua agressiva estratégia de aquisições. Apesar de ter saído de grande parte do mercado de eletrônicos de consumo, ela vem vendendo negócios de ferramentas elétricas, produtos químicos e outros setores de crescimento estagnado. Sua estratégia atual é manter os negócios de transporte ferroviário, componentes automotivos e máquinas pesadas, enquanto acelera a transformação digital industrial, ajudando clientes a digitalizar suas operações.

A turbulência causada pelas tarifas de Trump em abril causou uma forte queda nas ações da Hitachi, mas elas se recuperaram rapidamente, e o preço atual está próximo do pico de 20 anos. O professor Ulrike Schaede, da Universidade da Califórnia em San Diego, avalia que a transformação da Hitachi de fabricante de equipamentos elétricos para provedora de soluções de infraestrutura digital é um exemplo de gestão empresarial bem-sucedida.

O apelo de investimento na Hitachi está na estratégia de transformação clara e na forte execução, com o mercado reconhecendo essa direção.