# Moeda fiduciária vs Criptomoedas: A mais recente rodada de uma guerra monetária centenária

Ao falar de dinheiro, temos que abordar duas histórias completamente diferentes. De um lado, a moeda fiduciária (Fiat), o papel-moeda digital sustentado pela confiança do governo; do outro, as criptomoedas, uma nova espécie que opera de forma descentralizada através da criptografia e da blockchain.

**De onde vem a moeda fiduciária?** Na China, já no século XI, circulavam notas de papel. Foi só na era de Kublai Khan (século XIII) que se estabeleceu um sistema completo de moeda fiduciária. Na Europa, nos séculos XVIII e XIX, também houve tentativas, geralmente desastrosas — a Suécia tentou uma vez e desistiu. Nos Estados Unidos, a história é ainda mais interessante: só em 1933 o país abandonou completamente o padrão ouro, e em 1972 o governo de Nixon anunciou a desvinculação total do ouro. A partir daí, entrou-se na era das moedas fiduciárias globais.

**Quais as vantagens da moeda fiduciária?** Os governos podem imprimir dinheiro a qualquer momento para regular a economia, tendo ferramentas como flexibilização quantitativa e reservas obrigatórias. É mais barato produzir, sem os problemas de manter reservas de ouro, e facilita o comércio internacional. Mas essa também é uma fraqueza fatal — na história, toda emissão em grande escala de moeda fiduciária levou à hiperinflação ou até ao colapso econômico. O declínio do Império de Kublai Khan, por exemplo, foi parcialmente causado pela emissão excessiva de papel-moeda mongol.

**E as criptomoedas?** Operam de forma completamente oposta. O Bitcoin, por exemplo, tem uma oferta fixa de 21 milhões de moedas, ninguém pode imprimir mais. A descentralização significa que não é necessário confiar em um único governo; os registros de transações são escritos na blockchain e nunca podem ser alterados. Transações internacionais sem fronteiras, com custos baixos, além de maior privacidade.

**Mas há dois grandes problemas:** Primeiro, o mercado de criptomoedas ainda é muito pequeno e altamente volátil — mais de dez vezes mais instável que o mercado de ações. Segundo, a regulamentação das moedas fiduciárias é bem desenvolvida, enquanto o ecossistema de criptomoedas ainda está em fase de exploração.

**E qual será o desfecho?** Talvez não seja uma questão de um vencendo o outro. A história mostra que sistemas monetários antigos e novos tendem a coexistir. A moeda fiduciária é eficiente na regulação macroeconômica e no pagamento estatal, enquanto as criptomoedas podem se tornar uma ferramenta de proteção de patrimônio e uma alternativa para liquidação internacional. O Bitcoin, por exemplo, não foi criado para substituir o dólar, mas para oferecer uma rede econômica independente. Ambos os sistemas têm suas vantagens, e o futuro provavelmente será um “sistema dual” — com a moeda fiduciária dominando o consumo diário, enquanto as criptomoedas se consolidam como uma via de proteção de riqueza e inovação financeira.