Introdução

Nos últimos anos, a evolução do mercado de ativos digitais trouxe as Exchanges Centralizadas (CEX) e Descentralizadas (DEX) para o foco dos investidores e pesquisadores. Embora ambos os modelos de negociação sejam reconhecidos, as diferenças e os impactos em diversos cenários merecem análise aprofundada.

Nos últimos dois anos, o uso de DEX cresceu de forma significativa globalmente. Cada vez mais investidores negociam diretamente na blockchain e gerenciam carteiras digitais, ganhando experiência prática e mostrando a crescente relevância das negociações descentralizadas. Entretanto, mesmo com o avanço das DEX, as CEX seguem essenciais. Em aspectos como regulação, liquidez e experiência do usuário, as CEX mantêm vantagens, e empresas e investidores individuais continuam altamente dependentes das plataformas centralizadas—mais do que se imagina.

Assim, o debate “CEX vs. DEX” vai além da escolha por ferramentas de negociação: trata-se de uma análise sobre a estrutura do setor e as tendências futuras do mercado. Este relatório compara de modo multidimensional o cenário atual e potencial das plataformas, abrangendo adoção de usuários, penetração de mercado, estrutura e dinâmica de negociações, segurança e avanços regulatórios globais. Analisando diferenças e convergências, é possível entender a prevalência, riscos e interações entre CEX e DEX no mercado cripto mundial—gerando insights para pesquisa e decisões estratégicas.

Análise de Dados de Usuários de Cripto: Penetração de Mercado e Tendências de Crescimento

Crescimento Exponencial de Usuários Globais de Cripto

De acordo com métricas de penetração, tendências de adoção e projeções da Demandsafe, a base global de usuários de cripto cresceu exponencialmente na última década. De cerca de 1 milhão de usuários em 2013, o número saltou para 670 milhões em 2025, representando uma taxa composta de crescimento anual extraordinária. Especialmente desde 2020, a curva se torna acentuada, marcando a transição da adoção inicial para o uso mainstream.

Esse movimento revela que as criptomoedas deixaram de ser experimentos restritos e se tornaram força relevante no sistema financeiro global. A ampliação da base de usuários criou fundação sólida para setores emergentes como DeFi, NFTs e Web3, além de fortalecer efeitos de rede e liquidez. Com a adoção em expansão, potencializa-se o uso das criptos em inclusão financeira, pagamentos internacionais e identidade digital, sinalizando uma economia digital mais madura e distribuída.

Penetração Global e Distribuição Regional: O Avanço dos Mercados Emergentes

As taxas de penetração variam muito conforme a região:

• Mercados com alta penetração: Coreia do Sul (27%), Emirados Árabes Unidos (25,3%), Singapura (24,4%) e Turquia (19,3%)—com cripto já consolidado entre a maioria da população.
• Mercados emergentes: Argentina (18,9%), Tailândia (17,6%), Brasil (17,5%), Vietnã (17,4%) e Indonésia (13,9%)—todos acima da média global, vendo cripto como alternativa para inclusão financeira.
• Mercados desenvolvidos: EUA (15,5%) e Canadá (10,1%) apresentam penetração moderada, mas mantêm relevância pelo poder de capital, liderança tecnológica e adoção institucional.

A distribuição reflete diferentes motivações: em mercados emergentes predominam demandas por inclusão e substituição financeira, enquanto participação institucional e inovação impulsionam mercados desenvolvidos. O processo de globalização da adoção cripto acelera sob diversas forças.

CEX vs. DEX: Comparativo em Escala de Usuários

Entre 2020 e 2024, CEX e DEX apresentaram forte crescimento de usuários:

• DEX: Endereços ativos anuais saltaram de 9,3 milhões em 2020 para 143 milhões em 2024, mais de dez vezes o volume inicial.
• CEX: Usuários ativos anuais cresceram de 22,5 milhões em 2020 para 120 milhões em 2024, mostrando que as plataformas centralizadas mantêm papel fundamental.
• Evolução: Até 2020, CEX lideravam; desde 2021, DEX ultrapassaram CEX, ampliando a diferença em 2022. Apesar do estreitamento observado em seguida, DEX retomaram a liderança em 2024.

Essas dinâmicas evidenciam:

• Mudança de preferência: Usuários buscam DEX por transparência e autonomia.
• Estrutura diversificada: CEX é a porta principal, mas o Web3 e as DApps descentralizadas estão mudando o perfil dos usuários.

No geral, o usuário cripto migra de plataformas tradicionais centralizadas para ecossistemas abertos e descentralizados Web3, promovendo diversidade e descentralização do mercado.

Tendências Globais do Mercado de Ativos: O Avanço das Criptomoedas

A Jornada das Criptomoedas para se Tornarem Ativos Centrais Globais (2013–2025)

Entre 2013 e 2025, o mercado global de ativos passou por profundas mudanças. Ouro e prata mantiveram crescimento estável, mas perderam protagonismo. Microsoft e Nvidia, gigantes de tecnologia, cresceram rapidamente após 2020 com a ascensão da IA e computação em nuvem.

As criptomoedas, especialmente após 2020, tiveram crescimento exponencial e conquistaram espaço no mainstream dos mercados globais. Em 2025, a capitalização total de mercado bateu US$ 3,02 trilhões, superando a Apple e tornando-se a quarta maior classe de ativos, atrás apenas de ouro, Nvidia e Microsoft. Bitcoin (BTC) sozinho atingiu US$ 2,35 trilhões, superando Amazon e prata; Ethereum (ETH) aproximou-se dos US$ 980 bilhões; stablecoins somaram US$ 260 bilhões.

O núcleo dos mercados migra dos ativos tradicionais para ativos inovadores e de alto crescimento. A ascensão das criptos revela potencial das finanças digitais e as coloca ao lado de ouro e ações de tecnologia como novas âncoras de alocação global de capital.

Mudanças Estruturais e Perspectivas Futuras do Mercado Global de Ativos (2022–2025–2030)

As projeções mostram como as criptomoedas evoluíram de ativos marginais a protagonistas, rivalizando com as maiores empresas de tecnologia.

• Agosto de 2022: Ativos tradicionais lideravam. Ouro com US$ 11,77 trilhões, seguido por Apple e Microsoft. Criptomoedas estavam em US$ 1,08 trilhão, equiparando-se à prata (US$ 1,38 trilhão), como classe secundária.
• Agosto de 2025: Em três anos, o cenário mudou. Com o boom da IA e valorização das criptos, ouro foi a US$ 22,93 trilhões; Nvidia a US$ 4,24 trilhões. Criptomoedas totalizaram US$ 3,02 trilhões, ultrapassando prata e Amazon e chegando ao topo dos ativos globais.
• 2030 (previsão): A tendência deve se intensificar. A estimativa é que criptos alcancem US$ 41,8 trilhões, tornando-se o segundo maior ativo do mundo, atrás apenas do ouro. Bitcoin deve superar US$ 20,9 trilhões, Ethereum pode passar de US$ 4 trilhões e stablecoins podem superar US$ 2,3 trilhões.

Esse avanço evidencia grande realocação de capital global para adequação à era digital. No topo dos mercados vemos agora ativos tradicionais, gigantes de tecnologia e ativos digitais.

Evolução da Estrutura do Mercado Cripto: Equilíbrio Dinâmico entre CEX e DEX

Ao mesmo tempo, a estrutura interna do mercado cripto amadurece e se equilibra. Inicialmente, custódia e liquidez dependiam quase exclusivamente das exchanges centralizadas (CEX). Mas em 2025, a configuração já é de dupla trilha, com CEX e DEX atuando lado a lado.

• 2022: CEX e DEX somavam cerca de US$ 118 bilhões em reservas totais, com predominância das CEX.
• 2025: Reservas totais chegaram a US$ 560 bilhões, e o TVL das DEX cresceu bastante, quase igualando o das CEX.

Essa mudança não representa enfraquecimento das CEX, mas maturidade do mercado cripto. O crescimento do setor favoreceu as duas, e o avanço das DEX resulta da expansão do DeFi, inovação tecnológica e busca dos usuários por autocustódia e transparência on-chain.

O papel das CEX evolui, sendo agora ponte entre as finanças tradicionais e a economia blockchain, facilitando entrada e saída em fiat, onboarding e conformidade institucional.

Assim, o mercado cripto estrutura-se em “dupla trilha”: CEX como porta de liquidez global, DEX como núcleo de finanças on-chain e inovação.

• CEX são o ponto de entrada e de liquidez para o capital global.
• DEX lideram as finanças on-chain e a inovação do ecossistema.

Essas plataformas não competem como substitutas, mas atuam de forma complementar, formando a base do sistema financeiro cripto do futuro.

Emissão de Tokens e Dinamismo do Ecossistema

A emissão de tokens acelerou de forma impressionante nos últimos anos. Desde o “DeFi Summer” de 2020, DEX se tornaram o canal principal para novos lançamentos. O número de tokens emitidos nas DEX ultrapassa 50 000 diariamente. Até 2025, são esperados mais de 8 milhões de novos tokens, totalizando dezenas de milhões de emissões.

Já as exchanges centralizadas (CEX) continuam listando diversos tokens, mas o ritmo é consideravelmente menor que o das DEX.

Esse cenário gera dois impactos principais:

• Dinamismo do ecossistema – A abertura das DEX amplia oportunidades para desenvolvedores e startups. Novos projetos circulam rapidamente, acelerando a diversificação em GameFi, DeFi, SocialFi e outros segmentos.
• Divergência de risco e qualidade – Com poucas barreiras, a maioria dos tokens nas DEX é pequena, de curta duração e alto risco. As CEX mantêm critérios rigorosos e listam menos tokens, com maior qualidade e credibilidade.

Hoje, a maioria dos novos tokens é lançada nas DEX, enquanto as CEX respondem por menos de 1% das emissões. DEX lideram em dinamismo, mas CEX continuam relevantes pela curadoria, confiança de marca e conformidade.

Mais da metade das emissões de tokens Launchpad vem das DEX, reforçando a transição do modelo único para uma estrutura de dois motores, com CEX e DEX impulsionando a inovação.

Evolução da Dominância de Mercado

No volume negociado e na dominância do mercado, CEX e DEX competem de forma dinâmica. No geral, CEX ainda têm força central, mas DEX ganham participação e diminuem a distância.

Negociação Spot

Atualmente, CEX representam cerca de 77% do volume global spot, enquanto DEX somam 23%. Excluindo wash trading, que reflete mais precisamente a atividade dos usuários, CEX ficam com 58% e DEX avançam para 42%, mostrando rápido crescimento das DEX em operações genuínas.

Volume Negociado Anual

A diferença de volumes negociados entre CEX e DEX diminuiu ao longo da última década. Embora CEX ainda tenham maior escala absoluta, DEX crescem mais rápido e, em determinados momentos e novas classes de ativos, chegam a se equiparar ou superar as CEX. Em valor bloqueado (TVL), as CEX tinham ampla vantagem, mas hoje DEX estão quase no mesmo patamar, formando uma estrutura de mercado com dois pilares.

Dominância de Mercado Futura

Curto prazo: CEX seguirão dominando devido à liquidez profunda, licenças regulatórias e melhor experiência do usuário, especialmente em mercados restritos.

Médio e longo prazo: Com evolução da infraestrutura blockchain, maior consciência sobre autocustódia, e avanços em segurança e usabilidade das DEX, a tendência é que a participação das DEX cresça. Nos próximos 5 a 10 anos, DEX podem se aproximar ou até desafiar o domínio das CEX.

Ou seja, o mercado troca “dominância absoluta das CEX” por uma estrutura dual, com CEX liderando e DEX crescendo. As CEX mantêm escala e vantagens regulatórias, enquanto as DEX estão na vanguarda da descentralização e inovação do ecossistema.

Riscos de Segurança e Tendências de Conformidade no Ecossistema Cripto

Ataques e Perda de Fundos

Entre 2023 e 2025, o setor cripto passou por grandes roubos. Segundo Chainalysis, cerca de 59% dos fundos desviados—totalizando US$ 5,9 bilhões—vieram de protocolos DEX/Web3, evidenciando vulnerabilidades nos sistemas descentralizados. Os principais ataques foram falhas em smart contracts, pontes cross-chain e problemas de governança. Embora CEX também apresentem riscos centralizados, sua estrutura de segurança mais madura mantém o volume de perdas em menor proporção.

O roubo de carteiras pessoais tornou-se novo alvo do crime cripto. Até junho de 2025, ataques a carteiras de varejo já eram responsáveis por mais de 20% dos fundos desviados. Esses casos são pouco divulgados pelo perfil discreto, mas os riscos aumentam. Entre os fatores estão: segurança reforçada das grandes plataformas, aumento no número de usuários cripto, elevação dos valores em carteiras e uso de ferramentas como LLMs para ataques mais sofisticados.

O MetaMask destacou-se nesse contexto. Desde o fim de 2024, relatos de roubos anormais dispararam, continuando em 2025. Algumas situações tiveram quase 500 carteiras comprometidas em um único dia, mostrando ataques sistematizados em grandes bases de usuários. Embora picos similares tenham ocorrido em 2022 e 2023, hoje a gravidade e frequência são muito maiores, sinalizando evolução dos métodos.

Causas envolvem vulnerabilidades sistêmicas em carteiras, problemas de segurança em terceiros (extensões, dApps maliciosos) e aumento do alvo conforme cresce o número de usuários. O caso MetaMask mostra que aplicativos amplamente usados viram alvo preferencial—e esses ataques devem aumentar com a adoção.

Os riscos de segurança em cripto se tornam amplos e variados, com foco cada vez maior nos usuários finais. O setor precisa fortalecer a proteção em dois pontos:

• Plataformas: reforço com auditorias de contratos inteligentes, testes em pontes e multiassinatura em carteiras quentes.
• Usuários: educação em OpSec, uso de cold wallets e proteção contra engenharia social.

Reguladores podem exigir conformidade para protocolos DeFi e apps de carteira, equilibrando transparência e descentralização para mitigar fluxos ilícitos. Esses riscos são relevantes para entender movimentos de capital e tendências anti-lavagem de dinheiro (AML).

Lavagem de Dinheiro e Fluxos de Fundos em Cripto

De 2021 a 2024, US$ 50 bilhões por ano em fundos ilícitos circularam por cripto, principalmente migrando para CEX. Porém, com expansão de DeFi e plataformas sem KYC, os protocolos on-chain viraram rotas de saída principais, especialmente em fases de mercado ativo. Falta de verificação de identidade e anonimato em transferências cross-chain tornam DEX vulneráveis para lavagem de dinheiro.

Em 2024 e 2025, diferentes tipos de ataques revelam padrões de lavagem distintos:

• Ataques a plataformas: fundos roubados passam por bridges e mixers.
• Roubo de carteiras: valores transferidos para contratos de tokens e CEX.

Os custos de lavagem subiram mesmo com queda das taxas em blockchain. De 2022 a junho de 2025, taxas médias caíram mais de 80% com Solana e L2, mas criminosos pagaram taxas 100% maiores por velocidade e irreversibilidade. Nem todos os fundos circulam rápido—em junho de 2025, 37% dos valores desviados ainda estavam parados em carteiras de atacantes, mostrando retenção.

No geral, a lavagem de dinheiro em cripto está mais complexa, cara e baseada em stablecoin. A tecnologia reduz custos para usuários legítimos, enquanto criminosos pagam alto por anonimato e agilidade. Isso obriga reguladores a monitorar transações cross-chain, mixers e sanções—pressionando por conformidade em DeFi e stablecoin.

Respostas de Conformidade e Estratégia Global

Com riscos de segurança em evolução e lavagem de dinheiro cada vez mais sofisticada, a conformidade diferencia CEX e DEX. Exchanges centralizadas (CEX), como a Gate, constroem estruturas globais de conformidade e licenciamento, cumprindo AML/KYC em diversas jurisdições. Isso inclui negociação, custódia e derivativos, exigindo das CEX responsabilidade em divulgação, verificação de identidade, monitoramento de transações e relatórios AML. Com isso, aumentam a confiança do usuário institucional e criam base para expansão internacional sustentável.

Por outro lado, DEX operam sob modelos distintos. Sem entidades jurídicas centralizadas e regulação global uniforme, a maioria não exige mecanismos de conformidade nem KYC. Essa abertura oferece mais liberdade ao usuário, mas cria lacunas em gestão de risco de lavagem. Os dados mostram que o volume de fundos ilícitos nas DEX cresce ano a ano. Em períodos de alta volatilidade, DEX são canais para recursos de golpes e hackers. Portanto, conformidade separa CEX e DEX e define o futuro da estrutura do mercado.

Conclusão

Comparar CEX e DEX é analisar a evolução multidimensional do setor cripto: crescimento de usuários, estrutura de mercado, riscos de segurança e conformidade.

Na última década, a rápida adoção tirou cripto do nicho e trouxe ao mercado mainstream global. O crescimento das DEX e a expansão consistente das CEX formaram um ecossistema cada vez mais diverso.

Segurança e conformidade são os fatores centrais. Ataques, roubos e lavagem de dinheiro mostram as vulnerabilidades de DeFi e DEX; CEX garantem estabilidade com estrutura regulatória e proteção madura. Assim, cada modelo terá papel próprio nos próximos anos.

No futuro, CEX e DEX se complementam.

• CEX: Mantêm a porta principal de entrada—liquidez, conformidade e confiança.
• DEX: Lideram em abertura, emissão de tokens e inovação do ecossistema.

Com mais adoção e regulação avançada, será a capacidade de equilibrar transparência, eficiência e gestão de riscos que irá definir se o cripto avança para uma era mais madura e sustentável.


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