O esquema do mercado nunca mudou — quando todos estão em pânico, jogam fogo lá dentro; quando todos estão a bombar, é que saem a foice.

Esta última fase do mercado parece uma inversão no meio de um filme de suspense — o Bitcoin luta repetidamente pelos níveis de suporte críticos, enquanto o ouro, silenciosamente, atinge máximos de 50 anos. Isto não é coincidência, mas sim uma ação global de fundos a redefinir o que é risco e o que é proteção.

Depois de tantos anos no mundo das criptomoedas, sinto cada vez mais que este jogo é uma luta de três lados entre liquidez, limites de crédito e controlo da narrativa.

**Por que é que o ouro consegue estar tão forte assim**

Para ser honesto, o desempenho recente do ouro tem sido bastante impressionante. Desde o início de 2025, o preço do ouro tem rompido recordes, chegando até aos 2940 dólares na London Spot Gold. Mas há um fenómeno estranho — quando o mercado está instável, o ouro, como tradicional proteção, deveria manter-se firme, mas acaba por cair junto com o Bitcoin. O que é que se passa aqui?

A resposta está na mudança de liquidez. Quando a liquidez do dólar se contrai globalmente, os investidores são forçados a vender tudo o que possa virar dinheiro — incluindo ouro e Bitcoin — para trocar por dólares. Este fenómeno de ativos de risco e de proteção a caírem em simultâneo é, na essência, este o raciocínio.

No entanto, o potencial de subida do ouro tem um suporte mais profundo. Os bancos centrais mundiais continuam a acumular ouro, o que revela uma desconfiança crescente na credibilidade das moedas soberanas. Além disso, a incerteza política está a aumentar, com questões de crédito do dólar a serem frequentemente discutidas, como se o ouro estivesse a ser equipado com um foguete.

**Bitcoin está a passar por um ponto de decisão**

Olhemos para o Bitcoin: desde o pico histórico de 126.251 dólares em outubro, tem vindo a descer, chegando a perder os 94.000 dólares em algum momento, deixando toda a valorização deste ano para trás. Este sobe e desce, como numa montanha-russa, é impulsionado por três forças em jogo —

A liquidez macro a contrair-se marginalmente, esse é o grande fator. As expectativas de ajustes na política do Federal Reserve, as mudanças na postura dos bancos centrais globais, tudo isso limita a apetência pelo risco. O mercado está a reavaliar quanto dinheiro deve realmente fluir para ativos de risco.

Neste momento, a lógica de precificação do mercado está a mudar drasticamente. Ainda não há uma resposta definitiva: será que o Bitcoin, como um ativo mais novo, vale mais, ou voltamos à proteção tradicional? Essa discussão ainda está longe de ser resolvida.