
A tecnologia assíncrona constitui um mecanismo nos sistemas blockchain que permite que os nós e componentes comuniquem e processem operações sem ser necessário obter respostas imediatas. Nos sistemas síncronos tradicionais, as operações são executadas sequencialmente, sendo que cada etapa aguarda a conclusão da anterior para avançar. Os mecanismos assíncronos, porém, viabilizam o processamento em paralelo, aumentando o débito e a eficiência do sistema, ao mesmo tempo que minimizam o impacto da latência na rede.
O modelo de processamento assíncrono teve origem nos primórdios das ciências informáticas, sendo inicialmente utilizado para resolver problemas de bloqueio em sistemas operativos e comunicações de rede. Antes do surgimento da tecnologia blockchain, os mecanismos assíncronos eram amplamente empregues em sistemas distribuídos para potenciar o desempenho e a escalabilidade. Com o aumento da complexidade e da dimensão das redes blockchain, as limitações dos mecanismos de consenso síncronos tornaram-se cada vez mais evidentes, levando os programadores a explorar protocolos de consenso assíncronos e modelos de processamento inovadores.
A tecnologia assíncrona no universo blockchain evoluiu em várias fases: começou com o modelo simples de transmissão assíncrona de mensagens do Bitcoin; seguiu-se o sistema mais sofisticado de processamento de eventos do Ethereum; e culminou na exploração de algoritmos de consenso totalmente assíncronos em projetos blockchain de última geração, como os protocolos assíncronos de tolerância a falhas bizantinas implementados pela Hashgraph, que melhoraram significativamente o desempenho e a fiabilidade dos sistemas blockchain.
Os princípios de funcionamento da tecnologia assíncrona em sistemas blockchain abrangem vários aspetos essenciais:
Filas de mensagens e gestão de eventos: Os pedidos de transação e blocos que chegam aos nós da blockchain são depositados em filas, em vez de serem processados de imediato. Os nós podem definir quando e como processam estes pedidos, dependendo da sua capacidade de processamento e das suas estratégias de prioridade.
Callbacks e promises: Os nós não aguardam respostas após o envio de pedidos, continuando a executar outras tarefas. Quando as respostas são recebidas, o sistema trata os resultados por meio de funções de callback pré-definidas ou mecanismos de Promise.
Gestão de estado: Os sistemas assíncronos exigem mecanismos avançados de gestão de estado para garantir a consistência dos dados, mesmo ao processar múltiplas operações em paralelo. Isto é normalmente assegurado através de máquinas de estados, registos de transações ou sistemas de controlo de versões.
Algoritmos de consenso assíncronos: Alguns sistemas blockchain atuais utilizam mecanismos de consenso desenhados especificamente para ambientes assíncronos, como Hashgraph, Avalanche ou HoneyBadgerBFT, mantendo a consistência mesmo perante atrasos de rede imprevisíveis.
Apesar das vantagens de desempenho expressivas, a tecnologia assíncrona coloca vários desafios:
Complexidade acrescida: A conceção, implementação e depuração de sistemas assíncronos são mais exigentes do que nos sistemas síncronos, obrigando à gestão de condições de corrida, deadlocks e livelocks.
Dificuldade na garantia de consistência: Assegurar que todos os nós atingem o mesmo estado é mais difícil em ambientes assíncronos, especialmente em caso de partições de rede ou falhas de nós.
Riscos de segurança: O processamento assíncrono pode aumentar a suscetibilidade a ataques de temporização, em que os atacantes exploram a imprevisibilidade da ordem de processamento para manipular os resultados do sistema.
Problemas de gestão de recursos: Sem um controlo rigoroso, as operações assíncronas podem provocar exaustão de recursos, como fugas de memória ou sobrecarga das filas.
Dificuldades na depuração e monitorização: Dada a execução não sequencial das operações, o rastreamento e diagnóstico de problemas em sistemas assíncronos é geralmente mais complexo.
A tecnologia assíncrona é considerada uma técnica central para sistemas blockchain modernos que procuram elevados níveis de desempenho e escalabilidade, sendo fundamental ponderar cuidadosamente os benefícios e os riscos na sua implementação.


